artista Carlos Drummond de Andrade

Cartas de Carlos Drummond de Andrade

09:39:00Rosemary Muniz Moreira


Carta de Carlos Drummond de Andrade à Rosemary Muniz Moreira - imagem tratada para preservar o endereço e os dados pessoais dos artistas. 





          
          Todo escritor possui artistas os quais o inspiram, influenciam ou admiram. É comum entre os jovens escritores tentar o contato com esse artistas a demonstrar sua admiração, expor algumas de suas obras, ou simplesmente dar um "salve". É uma alegria estabelecer esta aproximação, principalmente quando se mantém um amistoso diálogo. Melhor ainda, é quando se percebe que aquela pessoa a quem se admira é uma figura simpaticíssima e bastante gentil. 

             Uma, das muitas, inspirações de Rosemary é o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade. 

          Na década de oitenta, Rosemary morou na cidade do Rio de Janeiro - onde foi vizinha do poeta. Antes mesmo de sua ida, a artista já difundia seus movimentos ambientalistas e de conscientização social enviando cartas, até mesmo a países estrangeiros, que irradiavam suas campanhas ecológicas. 






           Um de seus correspondentes foi o poeta Carlos Drummond de Andrade, quem a respondia com bastante carinho e demonstrava grande envolvimento pelo trabalho desenvolvido. O conteúdo das breves cartas envolvia o engajamento de Rosemary em seus movimentos ecológicos e também em uma grave enchente que alastrou cidades catarinenses em 1983. 




          A primeira carta, datada 16.X.79, era em resposta a uma de suas campanhas ecológicas, inicialmente nomeada "Projeto Sementinha", em que Rosemary enviava cartas com uma semente, geralmente no início da primavera, com o intuito de espalhar a consciência ecológica. 
Uma das milhares cartas chegou a Drummond, quem ficou muito grato e comovido, porém não possuía um bom lugar para plantá-la:




"Rosemary: 
                  Não tenho - que pena! - um palmo de terra para plantar a semente que você, num gesto lindo de semeadura, me enviou. Mas dei-a a uma amiga que possui a raridade de uma casa com terreno (...). Assim, um dia o flamboyant florescerá, e quem for sabido terá em seu esplendor chamejante estas palavras: "Viva Rosemary, amiga das árvores!"
Cordialmente, o abraço agradecido de 
Carlos Drummond de Andrade". 








          Outra carta revela a imensa simpatia do poema àqueles com quem correspondia:

          "Que bom contar com o carinho espontâneo de você, Rosemary! Suas palavras deram uma pura alegria a este velhinho, que a abraça ternamente".








           Mais uma carta cativante foi enviada em julho de 1983, quando Rosemary já residia no Rio de Janeiro. A artista soube das enchentes que alastravam cidades das catarinenses e logo iniciou uma campanha de conscientização e apoio às vítimas. Rosemary imobilizou cidades vizinhas, políticos, artistas e quem estava a seu alcance a doarem donativos, cobertores, roupas e utensílios domésticos aos indivíduos que sofreram os estragos das enchentes. Foi um grande movimento, e um de seus contatos foi também Drummond, quem a respondeu com carinho e comoção: 





"Prezada amiga D. Rosemary:

          Li com emoção de brasileiro e de ser humano o seu tocante pronunciamento sobre a trágica enchente de Santa Catarina. São palavras que devem penetrar na consciência de todos. 
Cordialmente, a admiração e o apreço de
Carlos Drummond de Andrade". 






                Nada como a sensibilidade de uma artista para levar às pessoas a conscientização ambiental e social, sobretudo se apoiadas e adoradas por um artista querido.


































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