carrões desperdício

Poema 43

14:36:00Rosemary Muniz Moreira

Os homens,... ah! São esses homens...
...................................................................................

Os homens e os seus carrões!
Os homens e os seus carrões,...
os homens e os seus carrões,...

os homens,
os homens, os homens
e os seus senões,

os homens e suas lições
moralizantes, discrepantes,
esvaziadas e escravizadas!

Os homens... os homens
e os seus carrões,
os homens e os seus botões
nas casacas, paletós,
camisas, coletes que
já não carregam bolsos,
nem soluções, medidas,...

os homens!...

Os homens e os seus carrões,
que empurram carroças,
as motos e bicicletas,
caminhões, os coletivos
carregando miseráveis gentes
sem poder de escolha,
indefessos, ao abandono de um tempo que se faz escravidão.

Os homens e seus carrões.
Os homens com seus carrões!
Os homens...
São sempre esses os homens,...

com seus grossos talões
e créditos em cartões
quais desfiladeiros, para
exibir na certa hora
em que se fazem ditadores trapaceiros.

Os homens... que pena...
desses homens... tão sem
essência, sentimento, na dor
de ser nada mais que
gigantes-nanicos de seus
eventuais carrões,
com suas eventuais relatórios senões
de uma pobre dialética
que desconhece a rítmica
dos corações bondosos.

Os homens e os seus carrões,
que vão e vão... e vão
empurrando e manipulando
guerras e aviões,...
que vêm e vão matando
aqui e ali seres aos milhares,...

Os homens que destroem povos e nações,
estes "homens" são os mesmo homens
que em nome de Deus, detêm o poder
de governar e serem reis
de verdade, numa atitude
de ação sem compaixão,
numa realidade apodrecida
amortecida pelo ego e o poder,
de pura tentação só por dinheiro,
em que se fazem pura e simplesmente por inteiro
matéria sem sentido - e
sem escrúpulos.

Que pena sinto desses homens
com seus mísseis, aviões,
sermões, talões, cartões,
blusões encouraçados,
cascões e golas em peles de visões,
e outros leões, que ferem e farejam foliões,
em mesquinhas guerras de poderes,
todos... tolos, todos pobretões
sem algo mais e que
jamais saberão e nunca obterão!

Os homens e seus carrões,...
botões... microcâmeras... casacas... espiões de máscaras...
indiscrições... e insatisfações...

Que pena... que lástima!
Quanto tempo perdido,
que desperdício de vidas -

pra uma dia restar
tão somente um campo
quase infinito de ferro-velho
sob a chuva, sol e vento,
onde no abandono do esquecimento
as latarias vão consumindo-se
em ferrugem e pó -
em nada no vazio do tempo!

Da obra Cânticos (de reflexão existencial) - ROSEMARY MUNIZ MOREIRA

Fonte imagem: elinto


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